10/07

O Brasil precisa adotar um novo modelo de desenvolvimento

Em todas as regiões do País já se sofre com eventos climáticos extremos. Seja no campo, seja na cidade, nas regiões costeiras ou no semiárido brasileiro, será preciso adaptar-se. O cuidado com os recursos naturais, a criação de infraestrutura resiliente, o combate ao desmatamento e à desertificação, a adoção de princípios socioambientais em todos os meios, são imperativos para as pessoas e a vida no planeta. Não haverá qualquer futuro com dignidade sem segurança climática. 

Para neutralizar o impacto das mudanças climáticas nos ecossistemas, na qualidade de vida da população e na economia, todos os setores precisam incorporar técnicas sustentáveis, como manejo do solo, gestão de recursos hídricos, energias renováveis, promover o trabalho decente e preservar a sociobiodiversidade. Assim, a transição de uma economia atual que emite carbono para uma nova passa necessariamente por um arcabouço legal que permita colocar em prática projetos que removem carbono da atmosfera e geram, ao mesmo tempo, benefícios econômico, social e ambiental – como os “3S”. 

A Reforma Tributária, em votação no Congresso Nacional, é um passo importantíssimo nesta direção e contribuirá para a transição climática, ao prever a proteção ambiental em pelo menos três dispositivos: como princípio para novos incentivos regionais, como prioridade para projetos financiados com recursos do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) e como diretriz do imposto seletivo para evitar externalidades negativas. A reforma, que foi tema da Virada Parlamentar Sustentável, agora segue para o Senado depois de ser aprovada pela Câmara dos Deputados com ampla maioria na última sexta-feira. Conheça o Manifesto pela Reforma Tributária 3S. 

O Brasil pode voltar a ser protagonista na agenda do desenvolvimento sustentável.

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 17 da Agenda 2030 é  “Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável”. Esse não é um desafio isolado. Diversos países têm empreendido esforços para a vinculação de metas de redução das emissões de carbono a seus planos de desenvolvimento econômico e social, enxergando na “economia verde” a oportunidade de uma grande retomada após o período da pandemia da Covid-19. Experiências internacionais mapeadas pelo  Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), o Insper e o Laboratório ArqFuturo, com a plataforma Por Quê?  – os casos da França, Estados Unidos, China e Chile – revelam, também, o papel da articulação política e social para a construção de planos de investimento e descarbonização de médio e longo prazo.

Uma taxonomia que classifica atividades segundo o seu impacto socioambiental já foi definida na União Europeia. Agora é preciso que o Brasil defina os seus parâmetros. A discussão por uma classificação ambiental que permita a fiscalização e, ao mesmo tempo, avalie o desempenho das atividades avançou sobre a chamada “Taxonomia Verde”, que pode dar segurança para investimentos do setor financeiro, evitando o chamado greenwashing, por meio de regras que permitem a padronização, avaliação de impacto e mapeamento de novas tecnologias.

Sobre a Virada Parlamentar Sustentável 

A Virada Parlamentar Sustentável é um movimento coordenado pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) em parceria com a Rede de Advocacy Colaborativo (RAC), junto de mais de 60 organizações da sociedade civil, com o objetivo de promover uma mudança significativa nos rumos da política socioambiental do Brasil.